Opinião
Retrato da esperança
Por Neiff Satte Alam
Biólogo, professor de Biologia e especialista em Informática na Educação
[email protected]
Estava percorrendo um dos bairros mais pobres de Pelotas, acompanhando um candidato a prefeito em uma de suas inúmeras caminhadas para estabelecer um contato olho no olho com os moradores. Um caminhão de som nos acompanhava, muitas pessoas falando, aplaudindo, manifestando-se de alguma forma. Em um momento me afastei um pouco e deparei-me com uma cena que ficará sempre guardada em minha memória e estará sempre presente em todas as decisões políticas que tiver que tomar daqui para frente.
A poucos metros, sob a sombra de uma árvore, um homem, seguramente com menos idade do que aparentava, tinha ao colo uma menina e segurava pela mão um menino com pouco mais de três anos. Sua mulher balançava a bandeira de campanha... O sorriso estampado no rosto de ambos, marido e mulher, era o retrato da esperança. Depositava aquele casal toda a confiança e esperança em dias melhores no candidato. Com certeza, o slogan de campanha que remetia para a ideia de que as pessoas seriam a prioridade e cuidar delas, do jeito que são, seria o centro das políticas públicas, estava dando ao casal uma luz de esperança, principalmente para seus filhos, assim como eles, carentes de um governo voltado para as pessoas.
Com certeza não fui o único a ver aquela família em sua isolada campanha, não apenas para eleger um prefeito, mas por alguém que falasse a agisse por eles, que desse a seus filhos a chance de percorrer uma estrada que os levasse ao futuro com dignidade e que não enfrentassem esta caminhada sem chance de vencer as agruras e dificuldades enfrentadas por seus pais. Aquela imagem, que foi se repetindo por todos os lados, em várias visitas aos bairros, fez-me refletir mais e mais na responsabilidade enorme do futuro prefeito e ter a certeza de que somente alguém com personalidade, formação ética e um caráter firmemente forjado dentro de seu reduto familiar, poderia dar oportunidade àquelas pessoas que, na mais absoluta pobreza, tinha ânimo para participar deste tão importante momento político.
Energizado pela cena, retomei a caminhada com um olhar diferente, mais decidido e com enorme respeito por pessoas que se lançam com força e determinação em uma campanha política com vontade para mudar este quadro de desamparo e de dor que vi nos olhos do homem, da mulher e das crianças... mas ao mesmo tempo com medo que não atinjam seus propósitos...
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário